Escaras – prevenir é o melhor remédio

As escaras, também conhecidas como escaras de decúbito ou úlceras de pressão, são feridas que podem surgir em áreas da pele que ficam muito tempo sob pressão.

Por esse motivo, este tipo de ferida é mais comum em quem fica muito tempo na mesma posição numa cadeira de rodas ou deitado na cama, como acontece em pacientes internados ou acamados.

As escaras desenvolvem-se porque o fluxo de sangue para a pele é diminuído quando a pessoa fica mais de 2 ou 3 horas na mesma posição, especialmente em locais com saliências ósseas, como calcanhar, tornozelo, quadril ou cóccix.

O maior perigo das escaras é a infeção que pode ocorrer nessas feridas, pois as bactérias podem entrar facilmente no corpo através de uma escara aberta e mal cuidada, trazendo maiores complicações para o estado de saúde.

Sintomas

Os principais sintomas das escaras são dor ou comichão na região da pele afetada, mas que podem não ser percebidos por pessoas que não têm sensibilidade em alguma parte do corpo como no caso de paraplégicos ou tetraplégicos, ou pessoas que estejam inconscientes.

De forma geral, as escaras são classificadas de acordo com a gravidade dos sintomas, podendo ser:

  • Grau 1: é o estágio inicial da formação da úlcera e a pele fica vermelha e quente e em alguns casos pode apresentar uma cor azul ou roxa, sendo comum os sintomas de queimadura, dor ou comichão na região afetada;
  • Grau 2: neste estágio a pele da região afetada apresenta feridas ou bolhas com conteúdo aquoso claro a amarelado que podem se romper causando uma ferida aberta, e a pele ao redor da ferida pode ficar esbranquiçada. O sintoma mais comum nesse estágio é a dor;
  • Grau 3: formam-se feridas abertas que podem atingir a camada de gordura da pele. Neste estágio, é importante procurar sinais de infeção na úlcera como mal cheiro ou pus;
  • Grau 4: esse estágio é o mais grave da escara, que afeta tecidos mais profundos como músculos, ligamentos e tendões e em casos mais graves pode afetar as cartilagens e os ossos. Geralmente, a pele apresenta necrose, que é um tecido morto, apresentando uma cor preta e o risco de infeção é maior.

Os locais mais frequentes para o surgimento de escaras são a região do cóccix, as laterais do quadril, os calcanhares, as orelhas, os ombros e os  joelhos, pois são locais do corpo que ficam mais facilmente sobre superfícies duras, dificultando a circulação de sangue.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da escara é feito pelo médico ou enfermeiro através da avaliação da aparência da pele e dos sinais de infeção, para determinar o grau da escara e iniciar o tratamento mais adequado. Nos graus 3 e 4, o médico pode solicitar exames de sangue para avaliar o estado de saúde geral e identificar se existe alguma infeção no corpo.

Tratamento

O tratamento para escaras que ainda não estão abertas consiste em melhorar a circulação sanguínea local, através de massagem suave com óleo de girassol ou creme hidratante, assim como mudanças regulares da posição do corpo.

No entanto, nas escaras que já estão abertas é aconselhado que o tratamento seja feito por um médico ou enfermeiro, no hospital ou no posto de saúde, já que o uso de pomadas erradas ou a realização de um curativo sujo podem levam ao surgimento de uma escara infetada e muito mais difícil de tratar, que pode colocar a vida em risco.

As pomadas para escaras variam de acordo com o tecido presente na ferida, assim como a possibilidade de existir infeção ou liberação de algum tipo de líquido. Assim, o médico ou enfermeiro, deve aconselhar o tipo de creme ou pomada mais adequado. Caso esse produto possa ser usado em casa para fazer curativos, o enfermeiro irá ensinar como fazer, caso contrário, o curativo precisará ser sempre feito pelo enfermeiro.

O tratamento das escaras envolve não só o controle da ferida mas também o cuidado geral do paciente. Como já foi dito, normalmente os pacientes que desenvolvem escaras são mais frágeis e debilitados, podem estar desnutridos, desidratados, ter lesões neurológicas, doença cardiovascular ou outras condições que precisam ser identificadas e medicadas adequadamente.

Cuidado geral

  • Controlar a dor provocada pela ferida.
  • Tratar possíveis infeções das escaras com antibióticos apropriados.
  • Melhorar o estado nutricional do paciente, de preferência com profissional experiente.
  • Melhorar o estado de hidratação do paciente.
  • Garantir o posicionamento adequado do paciente.

Controle da ferida

Os cuidados com a ferida normalmente são complexos, não existe um algoritmo único (“receita de bolo”) que deva ser sempre seguido e idealmente devem ser desempenhados por profissionais de saúde habilitados.

Além de limpeza e colocação de curativo, pode ser necessária intervenção cirúrgica, bem como uso de antibióticos e eventualmente, de terapias auxiliares para promover a cicatrização.

Existe uma série de tipos diferentes de curativos, com características específicas, mas a descrição de cada um deles está fora do escopo deste artigo. O curativo ideal teria as seguintes características:

  • Absorve o excesso de humidade da ferida, mas sem deixá-la seca demais.
  • Protege a ferida contra possíveis danos adicionais.
  • Reduz o atrito com a pele e as forças de cisalhamento transmitidas aos tecidos.
  • Previne a proliferação bacteriana.
  • Promove o desbridamento de tecido necrótico.
  • Se adapta bem à forma da ferida e é fácil de aplicar.
  • Não causa maceração do tecido saudável ao redor da lesão.
  • Não provoca desconforto ou dor durante o uso ou durante a troca de curativo.
  • Não causa inchaço por pressão excessiva.
  • Não precisa ser trocado frequentemente.
  • É barato, fácil de ser encontrado e com data de validade elevada.
  • Não libera fibras ou componentes que podem causar reação alérgica ou inflamatória.
  • É impermeável à humidade externa (banho, urina).

Quando o curativo adequado é feito, evita-se a contaminação bacteriana, acelera-se a cicatrização, mantém-se a estrutura da pele e melhora-se o aspeto da cicatriz final.

Infelizmente, o curativo perfeito, que preenche todos os critérios acima, não existe. O profissional de saúde especializado em cuidado de feridas analisa individualmente cada situação e escolhe, dentro das opções que existem, qual se adapta melhor em cada caso.

Prevenção

As escaras podem ser evitadas através de algumas medidas simples que podem ser feitas pelo enfermeiro no hospital ou em casa pelo cuidador, além da própria pessoa caso se consiga movimentar, e incluem:

  • Mudança da posição do corpo de 2 em 2 horas para prevenir o stress na pele;
  • Usar almofadas ou travesseiros para elevar partes do corpo que podem ficar sob muita pressão como os joelhos, os calcanhares ou os tornozelos;        consulte o nosso site
  • Usar colchão de casca de ovo ou pneumático, um tipo de colchão que evita o excesso de pressão sobre a pele; consulte o nosso site
  • Evitar posicionar a pessoa do lado em que a pele tenha sinais de inchaço, dor ou vermelhidão;
  • Manter a pele sempre limpa e seca, principalmente após os episódios de incontinência urinária, pois a urina pode agredir a pele;
  • Usar cremes hidratantes contendo óxido de zinco na pele, recomendados pelo médico ou enfermeiro, para proteger a pele da humidade excessiva;               consulte o nosso site
  • Utilizar curativos de espuma ou filme transparente nas áreas com maior risco de desenvolver escaras como calcanhar, região lombar, lateral dos quadris, ombros ou cotovelos, por exemplo;                                                              consulte o nosso site
  • Usar almofada de assento quando a pessoa estiver sentada e mudar de posição a cada 15 minutos;               consulte o nosso site

É também recomendado examinar a pele diariamente, procurando sinais de inchaço ou vermelhidão, especialmente nas áreas ósseas e beber pelo menos 2 litros de água por dia para manter a pele hidratada, evitar fumar e manter uma boa alimentação, incluindo alimentos cicatrizantes como salmão, laranja ou brócolos, por exemplo.

Além disso, no caso de pessoas acamadas, pode-se colocar um lençol por baixo da pessoa, como suporte, para facilitar a mudança de posição da pessoa, sem arrastá-la, o que evita agressões à pele e ajuda a prevenir o surgimento das escaras.

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